domingo, 23 de junho de 2013

PLANO DE AULA

Um mapa que tem tudo não serve para nada, e não leva a lugar nenhum, dependendo de quem fará a leitura e uso do mesmo, assim também é na aula planejada, desenhada, mapeada, pois há momentos que o professor (mediador) precisa intervir saindo do percurso traçado, usando da habilidade de improvisar, de mediar conflitos, de trazer para si a direção das cenas numa outra escala e numa outra direção, dependendo da dimensão em que está inserido a cada caminhar, para não ficar com o sentimento de vazio e perdido, com o surgir de um fato às vezes hostil e inesperado. Neste sentido, é impossível medir, escalonar, mapear ou prever todas as situações que deflagram no aluno os diversos instintos e competências que fundamentam o aprender a aprender, o aprender a fazer, o aprender a conviver e a essência do aprender a ser.

 Um mapa não é a realidade, pelo fato da sala de aula estar configurada com uma grande diversidade de competências e habilidade inata de cada aluno (multiplicidade de inteligências), por se tratar de um conjunto heterogêneo de discente, onde cada um usa suas competências e habilidades, de acordo com sua capacidade de agir, reagir, interagir, desenvolvendo no decorrer do processo ensino-aprendizagem, a inteligência, habilidade ou competência que naturalmente se revela em cada situação.

Entre ter tudo e ter nada está a competência de querer mapear, é indispensável e necessário planejar, traçar o caminho a ser percorrido, usando detalhes do diagnostico feito, para que possa sistematizar o caminhar de cada aluno, projetando sempre que possível o melhor para cada um.

PLANO DE AULA

ASSUNTO: Números Racionais e suas diferentes aplicações e representações

TURMA: 9º ano do Ensino Fundamental

TEMPO PREVISTO: 12 aulas

DISCIPLINA: Matemática


MAPA DO PERCURSO: sistema de numeração, conjuntos numéricos (frações e decimais), as operações fundamentais, dízimas periódicas, transformação de frações em decimais e vice versa, representação geométrica, situações problemas, equivalência de frações, frações com denominador 100, porcentagem, razão e proporção, extensão para as funções.
JUSTIFICATIVA: Instrumentalizar os alunos para uma boa leitura de enunciado para que os mesmos possam relacionar identificar, relacionar, reconhecer, operar, e traduzir as informações coletadas para a linguagem corrente.
OBJETIVO: Ensinar ao aluno a resolução de problemas que envolvam situações que geram números racionais nas suas diversas representações e significados, instrumentalizando-os para uma boa leitura de enunciado para que os mesmos possam relacionar identificar e traduzir as informações coletadas para a linguagem da álgebra.
ESTRATÉGIA: Contar o conto dos 35 camelos de Malba Tahan; Epitáfio de Diophanto; o colar de pérolas. Análise de situações problemas que envolvam contextos que traduzam números racionais, uso de tabelas para estimar possíveis soluções, visualização e resolução geométrica uso das ferramentas tecnológicas (software).
RECURSOS: Aulas expositivas, aulas visuais, caderno do aluno, livro didático e ferramentas tecnológicas.
AVALIAÇÃO: Avaliação Diagnóstica e contínua, Resolução de exercícios, acompanhamento em grupo e principalmente individual, exercícios de fixação para que o mesmo familiarize com os procedimentos de resolução ensinados. Atividades de representação geométrica, avaliação individual, e avaliação global.
RECUPERAÇÃO: Contínua, devolutiva das avaliações, retomada da resolução de problemas, enfatizando a leitura e interpretação. Visualização da representação geométrica, tanto no papel, como no uso das ferramentas tecnológicas (software).
Plano de Aula desenvolvido com base nas habilidades:

H01 Reconhecer as diferentes representações de um número racional.
H02 Identificar fração como representação que pode estar associada a diferentes significados.
H03 Reconhecer as representações decimais dos números racionais como uma extensão do sistema de numeração decimal, identificando a existência de “ordens” como décimos centésimos e milésimos.
H10  Efetuar cálculos que envolvam operações com números racionais (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação – expoentes inteiros e radiciação).
H15 Resolver problemas com números racionais que envolvam as operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação).

Sugestões para introduzir o assunto.

Um colar se rompeu quando brincavam dois namorados. Uma fileira de pérolas escapou. A sexta parte ao solo caiu. A quinta parte na cama ficou. Um terço pela jovem se salvou. A décima parte o namorado recolheu. E com seis pérolas o colar ficou. Diga-me, leitor, quantas pérolas tinha o colar dos namorados.

Epitáfio de Diofanto
Tudo que se sabe da vida do célebre matemático da antiguidade está na inscrição de seu sepulcro: “Caminhante! Aqui foram sepultados os restos de Diofanto. E os números podem, ó milagre, revelar quão dilatada foi sua vida, cuja sexta parte constituiu sua linda infância. Transcorreu uma duodécima parte de sua vida, quando seu queixo se cobriu de penugem. A sétima parte de sua existência, transcorreu num matrimônio estéril. Passado um quinquênio, fê-lo feliz o nascimento de seu precioso primogênito, o qual entregou seu corpo, sua formosa existência, que durou a metade da de seu pai, a Terra. E com dor profunda desceu à sepultura, tendo sobrevivido quatro anos ao falecimento de seu filho. Diz-me quantos anos vivera Diofanto quando lhe sobreveio a morte”.

Professor Silas




quinta-feira, 20 de junho de 2013

SOBRE AS MANIFESTAÇÕES QUE ASSOLAM O PAÍS


Vozes por mudança

Um gigante explorado desde quando “descoberto”, finalmente deu sinal de vida. Acordou em meio ao barulho e gritos de seu povo que clama e suspira por justiça em todos os setores de sua sociedade, sofrida, explorada, manipulada, amordaçada, excluida...
Finalmente, uma luz no final do túnel, a luz da indignação, da solidariedade, da capacidade de se organizar, do poder da voz do povo, da força de unir nas passarelas da vida o último quinhão de esperança. Certamente, muitos dirão quem são os loucos, rebeldes sem causas, anarquistas, baderneiros e arruaceiros, marginais vestidos e disfarçados de insatisfação?
A letargia e sonolência deram lugar ao descontentamento, ao grito de chega, não queremos mais ser escravos de falsas ilusões, de promessas mutantes que perambulam a cada ato eletivo, disputado palmo a palmo pelos falsos profetas, que revelam suas facetas ao receber a chave do cofre.  Não são apenas 20 centavos, são séculos de mentiras, de politicagem, hipocrisia, bandidagem, corrupção, de falsa independência, de dívida externa quitada milhares de vezes, do descaso, do desmando, da falsa democracia, da depravação política, da exploração da miséria em todos os sentidos da vida.
O sangue que corre nas veias, agora tomou conta das artérias em formas de avenidas, ruas e praças, esse sangue são centenas de milhares de pessoas, que gritam e fazem ecoar nos ouvidos da mídia, dos políticos, dos partidos, o país é nosso e não mais de uma minoria privilegiada que decide, executa e legisla em causa própria, queremos também decidir, queremos opinar e dar um grito de basta! Chega de jogar o dinheiro da educação, da segurança, da saúde, do trabalho do povo, em projetos de interesse do capital especulativo.
Essa luta também é minha, é sua, acima de tudo é nossa. Afinal de que lado você está?



Professor Silas

domingo, 16 de junho de 2013

A construção do conhecimento


Falando sobre plano de aula, planejamento, montagem de um filme, divagamos sobre a maneira como homem constrói o conhecimento, e podemos concluir, que em todas as etapas da construção do conhecimento humano, o homem sempre planejou, traçou, contemplou , criou e comparou com o imaginável. Desde os tempos mais remotos que o ser humano tem buscado o conhecimento, e tem feito esse pergaminho, sempre enfocando o imaginário ao real. Os filósofos buscavam o conhecimento observando o cosmo, as estrelas, as galáxias e o firmamento como um todo, o homem sempre trabalhou com a ideia de comparação, e nesse comparar, tem encontrado nos símbolos a destreza para relacionar e divulgar suas criações a imagens. Os homens das cavernas, os persas, os hebreus, os fenícios, os caldeus, os egípcios, os maias, os incas, os romanos, os gregos, os babilônios e tantas outras civilizações, usavam a imagem para se comunicar, gravar suas mensagens e eternizar suas descobertas, para relacionar grandezas e assim construíam o significado de seus conceitos. Antes mesmo, de saber o conceito de função, o homem já utilizava a correspondência biunívoca, dessa correspondência, surgiu à palavra cálculo, que em latim significa “contas com pedras”, mais uma vez o homem relaciona o saber ao fazer, e o concreto ao abstrato, ou seja, relaciona o conhecimento com a imagem. O que dizer de ERATÓSTENES que viveu no Egito nos anos 276 a 194 antes de Cristo? Mesmo sem nenhuma tecnologia a seu dispor, conseguiu medir a Terra com uma aproximação incrível, apenas usando a imaginação para comparar as imagens refletidas de estacas fincadas no chão em cidades diferentes, unindo seu raciocínio aguçado com a leitura de imagens de diversas estações do ano, até perceber a incidência dos raios solares num dia de solstício de verão, exatamente ao meio dia eram perpendiculares à cidade de Syene (Siena) e ao meio dia em Alexandria a incidência era de 81°, observando as imagens formadas, mediu o diâmetro da Terra com tremenda precisão usando proporcionalidade, uma vez que ele conhecia a distância quer separava as duas cidades. Realmente o saber humano se relaciona intimamente com a imaginação (imagem). Genial!

Professor Silas
Apresento mais uma "dica" interessante para o nosso tema de estudo. Observem:
Formação de Significados Matemáticos por Meio da Leitura da
Obra “O Homem Que Calculava” (Gisele Romano Paez1)
RESUMO
O presente projeto de pesquisa, fundamentado na perspectiva histórico-cultural, tem como referencial teórico
trabalhos que se fundamentam em Vygotsky, Leontiev, Luria, Davidov, Freire, entre outros, e propõe, como
objetivo principal, analisar a formação de significados matemáticos que estudantes, do nono ano do ensino
fundamental, explicitam/manifestam durante a leitura de livros paradidáticos como “O Homem que Calculava”,
tendo como pano de fundo a educação conceitual, que aponta para a necessidade do sujeito perceber como o
conceito se constituiu historicamente para que este tenha significado e sentido ao estudante. A pesquisa é
qualitativa e será desenvolvida nos moldes da pesquisa participante. A análise dos dados será feita mediante
categorias que serão definidas aposteriori a partir dos seguintes instrumentos: análise de vídeo, análise de fichas
avaliativas e anotações feitas em diário de bordo.
Palavras-chave: Leitura. Paradidáticos. Formação de Significados Matemáticos. Educação Conceitual.

Para aqueles que se interessaram, o artigo - na íntegra - encontra-se no endereço:
http://www.nipem.epbsantos.com/sites/default/files/GT11_GiseleRomanoPaez.pdf

Por professor Wilson Roberto

sábado, 15 de junho de 2013

Plano de Aula

PLANO DE AULA
ASSUNTO: Sistemas de equações do 1º grau com duas incógnitas

MAPA DO PERCURSO: sistema de numeração, conjuntos numéricos (frações e decimais), expressões algébricas, equação de 1ºgrau, área e perímetro, sistemas de equações de 1 grau, sistemas de coordenadas, gráficos de equações.

JUSTIFICATIVA: Instrumentalizar os alunos para uma boa leitura de enunciado para que os mesmos possam relacionar identificar e traduzir as informações coletadas para a linguagem da álgebra.

OBJETIVO: Ensinar ao aluno a resolução de problemas que envolvam situações que geram um sistema de equações do 1°grau.

ESTRATÉGIA: Contar o conto dos 35 camelos de Malba Tahan; Epitáfio de Diophanti; Análise de situações problemas que envolvam sistemas de equações de 1ºgrau, uso de tabelas para estimar possíveis soluções, visualização da representação no plano cartesiano, tanto na construção no papel quadriculado, como no uso das ferramentas tecnológicas (software).

RECURSOS: Aulas expositivas, aulas visuais, caderno do aluno, livro didático e ferramentas tecnológicas.

AVALIAÇÃO: Resolução de exercícios, acompanhamento em grupo e principalmente individual, exercícios de fixação para que o mesmo familiarize com os procedimentos de resolução ensinados. Atividades de representação no sistema cartesiano e avaliação individual, e avaliação global da U.E.

RECUPERAÇÃO: Contínua, devolutiva das avaliações, retomada da resolução de problemas de equação de 1ºgrau, enfatizando a leitura e interpretação. Visualização da representação no plano cartesiano, tanto na construção no papel quadriculado, como no uso das ferramentas tecnológicas (software).

RECURSOS: Aulas expositivas, aulas visuais, caderno do aluno, livro didático e ferramentas tecnológicas.

Sugestão: Epitáfio de Diofanto
Tudo que se sabe da vida do célebre matemático da antiguidade está na inscrição de seu sepulcro:
      “Caminhante! Aqui foram sepultados os restos de Diofanto. E os números podem, ó milagre, revelar quão dilatada foi sua vida, cuja sexta parte constituiu sua linda infância. Transcorreu uma duodécima parte de sua vida, quando seu queixo se cobriu de penugem. A sétima parte de sua existência, transcorreu num matrimônio estéril. Passado um quinquênio, fê-lo feliz o nascimento de seu precioso primogênito, o qual entregou seu corpo, sua formosa existência, que durou a metade da de seu pai, à Terra. E com dor profunda desceu à sepultura, tendo sobrevivido quatro anos ao falecimento de seu filho.
       Diz-me quantos anos vivera Diofanto quando lhe sobreveio a morte”.

 "Aprenda álgebra Brincando", de J. Perelmann.


Turma 274-Grupo 6
Vou deixar uma contribuição quanto ao tema em debate no nosso curso. Espero que apreciem:

Saber ler em todas as áreas
Como várias disciplinas do currículo podem contribuir para a formação de bons leitores (Cinthia Rodrigues (novaescola@atleitor.com.br))
Quase todo gestor já ouviu um membro da equipe comentar que os alunos não conseguem fazer algum exercício por não entender o enunciado. Nessas horas, em vez de torcer o pescoço em direção ao professor de Língua Portuguesa, pode-se aproveitar a chance de estimular os educadores das diferentes áreas a refletir sobre seu papel na formação de leitores. Se está claro que cada disciplina ganha quando a leitura é aperfeiçoada, também precisa ficar evidente que todos podem contribuir para que os estudantes entendam o que leem.

A edição especial de NOVA ESCOLA Ler em Todas as Disciplinas traz 20 exemplos de professores de todas as áreas da Educação Básica que trabalharam com os alunos estratégias para melhorar a compreensão de textos, informações e imagens. Algumas dicas valem para todos os docentes, como ensinar a fazer anotações que desenvolvam o conceito, grifar os trechos essenciais e resumir com um objetivo bem definido. Outras são mais específicas e pertinentes a algumas disciplinas, como os exemplos dados a seguir.

Arte
Filmes, músicas e imagens precisam ser lidos por etapas. Os estudantes devem passar pela descrição da obra, depois pela análise do estilo e pelo conhecimento do autor para só então chegar à mensagem que o artista pretende transmitir, ou seja, à interpretação.

Ciências
Para a comunidade científica, uma bula de remédio organizada por tópicos é um dos textos mais fáceis de entender, mas a maioria das pessoas não acha tão simples. Cabe ao professor de Ciências ajudar os estudantes a explorar a precisão dos relatórios com conclusões de pesquisa, os textos instrucionais para fazer experiências e reportagens que abordem questões de saúde, alimentação, meio ambiente e tecnologia.

Educação Física
Os movimentos - a base de esportes, jogos, lutas e danças - expressam muitos significados da cultura em que estão inseridos. Para ensinar os alunos a lê-los e interpretá-los, o professor de Educação Física pode usar infográficos, vídeos e narrativas de atividades.

Geografia
Além dos textos didáticos, é preciso, nessa disciplina, ler o espaço - composto de paisagens naturais e culturais em transformação. Há também croquis, mapas, fotos e imagens de satélites que servem de apoio desde que sejam compreendidos. O aluno precisa entender também títulos, legendas e escalas.

História
Procurar a contextualização de época em um texto, imagem ou mapa exige uma habilidade específica de leitura. Em História, os alunos devem aprender a colocar fatos em ordem cronológica, comparar fotos e mapas antigos com representações atuais do mesmo espaço e buscar em textos literários e jornalísticos elementos que colaborem com a compreensão do passado - como a descrição de roupas, de costumes e do contexto social e político. O professor pode colaborar ainda com a aplicabilidade dos tempos verbais e o incentivo à construção de relatos pelos alunos.

Língua Estrangeira
O uso de diferentes gêneros desde o início do aprendizado de um idioma tem mais sucesso do que o caminho tradicional de tradução e memorização de palavras. Mesmo sem entender cada vocábulo, é possível desenvolver a habilidade de entender o contexto geral e, aos poucos, propor objetivos específicos. Para tanto, o professor dispõe de esquemas elaborados com perguntas ou com uma linha do tempo.

Língua Portuguesa
O professor de Língua Portuguesa pode assumir a função de auxiliar os colegas, porém é sua função colocar as turmas em contato com gêneros menos abordados nas demais áreas, como poemas, crônicas e contos, e trabalhar para aumentar o vocabulário dos estudantes com a exploração de textos mais difíceis.

Matemática
Os textos dos problemas matemáticos exigem a proficiência em leitura. Os alunos precisam entender a que se refere cada número para analisar como chegar à resposta. O professor da disciplina deve ajudá-los a fazer as perguntas certas e conseguir relacionar os dados. Uma alternativa é pedir aos alunos que, antes de fazer os cálculos, falem com as próprias palavras sobre os caminhos para encontrar a solução.
Fonte: Saber ler em todas as áreas. http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador-pedagogico/saber-ler-todas-areas-leitura-515732.shtml. Data de acesso 15/06/2013.

Professor Wilson Roberto

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A desvalorização do Professor na sociedade atual
Desde que o mundo é mundo temos em nosso meio uma célebre frase: “no meu tempo as coisas eram bem melhores…”. Com certeza ela vem carregada de fortes ingredientes saudosistas e alguns outros de desconhecimento histórico. Quando se fala do professor, essa frase tem um peso ainda maior. Aqueles que hoje ultrapassaram os 40 ou 50 anos de idade e tiveram a oportunidade de estudar são os mais enfáticos nessa afirmação. Todavia, precisamos ter cuidado com as comparações, porque a história mostra claramente os motivos que levaram nossa sociedade a descaracterizar tão rapidamente o professor.
Não podemos nos esquecer que até os anos 60 do século passado, estudar era um privilégio de poucos. Menos de 30% das crianças tinham acesso aos estudos. Isso no chamado primário, pois para seguir existia o exame de admissão – uma espécie de “bloqueador” da continuidade – que só foi abolido nos anos finais daquela década. Privilégio que o Estado garantia para suas classes mais abastadas ou com maior capacidade de acesso por outros motivos, inclusive de localização territorial. Um dado que pode demonstrar isso é o de que quando da universalização do ensino fundamental, em 30 anos (1975-2005) o número de matrículas no norte do país aumentou de 780 mil alunos para 3.350.000, enquanto no sul do país a evolução foi de 3.590.000 para 4.228.000, ou seja, enquanto no primeiro foi da ordem de 329%, no segundo foi de 17%.
A universalização do ensino fundamental iniciada no final dos anos 70 do século passado e alcançada no ano 2000 foi acompanhada de uma série de outros fatores que levaram a profissão de professor perder seu valor social e econômico. Os investimentos em estrutura física não foram acompanhados por investimentos em pessoas. Pelo contrário, o grande aumento na oferta de vagas foi acompanhado pela admissão de profissionais com titulação inadequada para executar a profissão de professor, barateando o valor do trabalho. Isso trouxe outro fenômeno: a necessidade de “agilizar” a formação dos professores acabou trazendo para nossa realidade “cursos rápidos” de formação de professores que diminuíram e muito a qualidade dessa formação. Até bem pouco atrás tempo tínhamos cursos ditos universitários para professores com duração de dois anos. Isso porque até 1997 mais de 50% dos profissionais da educação só tinham o ensino médio completo.
Também nesse momento histórico o fenômeno do trabalho feminino ganhava força no país. E essa “força de trabalho emergente” na procura por seu espaço laboral, sujeitava-se a remunerações muito abaixo das dos homens. Não só na educação, mas principalmente nela isso foi determinante para as estratificações salariais observáveis no magistério em nosso país. Explicando: o maior contingente de professoras mulheres está na educação infantil e no ensino fundamental, onde os salários são os mais baixos do país e onde a demanda de educandos é infinitamente maior. Quando avançamos na hierarquia formativa, observamos uma inversão nesse quadro. No ensino médio existe quase que uma paridade entre homens e mulheres e no ensino superior, onde os salários são convidativos, a predominância de homens é significativa.
Portanto, a desvalorização do profissional da educação não aconteceu por acaso no Brasil. Hoje temos cerca de 2,3 milhões de professores espalhados por este país vivendo realidades as mais variadas. Só numa coisa eles têm uniformidade: sua desvalorização. É aviltante acompanharmos o atual debate do piso salarial dos professores onde diversos Estados e municípios não querem praticá-lo. Está mais do que na hora de o governo federal aumentar sua participação nos investimentos da educação básica. Dados de 2009 revelam que para cada R$ 1,00 investido na educação básica, os Estados investem $ 0,41, os municípios $ 0,39, a União entra com somente $ 0,20. Está mais do que na hora de os Estados e municípios aumentarem seus investimentos na educação – 25% não são suficientes para atingirmos os amplos objetivos educacionais que temos. Está mais do que na hora de se rever a Lei de Responsabilidade Fiscal no que tange a folha de pagamento da educação, já que a mesma é um fator inibidor para as esferas públicas investirem mais nos salários.
Concluo dizendo que hoje o maior desafio para nossa educação é a formação e a valorização do nosso professor. Se não resolvermos essa equação, não teremos muitas perspectivas no campo educacional. E isso não se dá com discurso. Só existe uma forma disso ser conquistado: investimentos maciços no sistema educacional brasileiro. Só assim poderemos ter além da universalização das vagas, professores reconhecidos e capacitados para sua profissão e para a educação de nossos filhos.
Professora Elvira